Ana Poças, a 16 de setembro de 2021
A população que vive nas zonas rurais encontra-se, maioritariamente, nos continentes asiático e africano. Esta população tem tendência para ter menores oportunidades de acesso a bens essenciais e a serviços básicos como saúde e educação. Esta última é, ao mesmo tempo, fator e consequência de desenvolvimento e de melhoria da qualidade de vida. O acesso e a qualidade da educação em zonas mais isoladas dependem de vários fatores que vão desde a existência de materiais adequados e infraestruturas escolares inclusivas, à colocação de professores com formação científica e pedagógica capaz de motivar de desenvolver competências que façam as crianças e adolescentes pensarem e atuarem no mundo. Não se trata, portanto, apenas de acesso no sentido de haver grandes taxas de inscrição, mas também de permanência, conclusão dos ciclos de escolarização e de oportunidade de progressão para além do ensino básico (CREATE, 2011).
Quando se fala em educação no meio rural, quase de imediato se pensa numa escolarização virada para o trabalho no campo e para o desenvolvimento de competências técnico-profissionais ligadas, sobretudo, à agricultura e à pecuária. Pensar a educação para o meio rural desta forma seria uma enorme injustiça para as estas populações e um grave atropelo ao direito fundamental da educação, que tem como base a liberdade de escolha e o acesso aos avanços científicos e tecnológicos que o mundo dispõe.
Nestas zonas, o grande objetivo da educação é garantir a redução da pobreza, a segurança alimentar e a satisfação das necessidades do mercado de trabalho, melhorando, implementando, alargando e diferenciando empregos e serviços agrícolas (porque o meio rural é iminentemente agrícola) e não agrícolas.
A atenção à educação para o meio rural vem da necessidade de um olhar mais atento a esta grande fatia da população mundial mais desfavorecida, para os desafios específicos que enfrenta por estar mais isolada, de modo a que a oferta educativa sirva as suas expectativas e as suas perspetivas de futuro. Assim, a educação tem de se coadunar com as dinâmicas das comunidades e com as formas de ver e atuar sobre o mundo para que, como consequência, melhorem a sua vida. A complexidade do meio rural exige uma investigação profunda que se reflita numa educação de qualidade para todos.
Bibliografia:
Consortium for Research on Educational Access, Transitions & Equity (CREATE) (2011). Making Rights Realities. Researching Educational Access, Transitions and Equity. Essex House: University of Sussex.