Maria João Carapêto, a 20 de Abril de 2021

O fenómeno da globalização, tal como o conhecemos, mudou o paradigma das grandes economias, que se baseiam agora numa sociedade de conhecimento, onde se verificam elevados níveis de educação e uma transversalidade de competências, bem como o foco em atrair talento a uma escala internacional, onde é valorizado espírito de inovação e a aprendizagem ao longo da vida.

A internacionalização, mais do que um processo, demanda um forte compromisso institucional por partes das Universidades, mas também pelas autoridades nacionais. Tal compromisso permite o alinhamento dos objetivos e metas essenciais e que permitem responder aos desafios e problemas que surgem no contexto de implementação da internacionalização, nomeadamente a ausência de políticas públicas e de procedimentos institucionais, por exemplo de cunho administrativo. Na prática, um aluno ou aluna que realize uma mobilidade académica internacional precisa de ver reconhecido o grau, disciplinas ou período de investigação que realizou no estrangeiro e, mais frequentemente do que é desejável, depara-se com muitos problemas no processo administrativo, quer pela ausência de legislação ou regulamentação que viabilize o reconhecimento, ou quer pela elevada carga burocrática a que está sujeito.

 

Internacionalizar as instituições de ensino superior é um processo que resulta de diferentes necessidades e contextos sociais e culturais e não existe um modelo único para que tal aconteça, pelo que cabe a cada país e às suas instituições desenhar a sua própria estratégia. Os diferentes sistemas de ensino, de programas académicos, carga horária de disciplinas e respetivos conteúdos apresentam um problema de heterogeneidade que em muito dificulta o reconhecimento de estudos e a acreditação de graus académicos. A par destes problemas técnicos, enfatiza-se a existência de processos de elevada complexidade burocrática, com elevados custos que constituem verdadeiros entraves ao reconhecimento dos diplomas.

Importa referir ainda que muitos países não estão dotados de sistemas de regulação nacionais ou, quando existam não têm estruturas que permita registar ou avaliar os graus académicos obtidos no estrangeiro. Igualmente importante é a garantia de qualidade oferecida pelos programas nacionais, quer no sector público, quer no sector privado.